sábado, 20 de abril de 2013

JUSTIÇA


Devido à morosidade da justiça apenas 2% dos crimes cometidos no Brasil chegam à condenação, porque eles acabam prescrevendo. E mesmo quando o criminoso é condenado, se tiver recurso financeiro para constituir bons advogados, ele consegue cumprir a pena em liberdade. O pior é que a população não acredita mais no judiciário. Pesquisas do IBGE confirmam que apenas 4% dos brasileiros procuram a polícia e a justiça para garantir seus direitos, então, a maioria procura, fazer justiça com as próprias mãos. O País também sofre um grande prejuízo financeiro com a ineficiência e lentidão do judiciário. 
Uma das causas dessa lentidão reside numa das suas  maiores qualidades: o direito de ampla defesa; e também ao direito de ser julgado por mais de uma instância. Isto para que ninguém seja acusado, julgado, e condenado injustamente sem direito à defesa. O problema é que os bandidos usam esse artifício malandramente para ganhar tempo, e até para anular uma decisão judicial, alegando-se causas meramente formais.  Mas, nem todo problema tem sua origem no judiciário. Os legisladores é que são os  responsáveis  pela vigência de leis absurdas. E aos advogados, promotores e juízes só cabe o dever do cumprimento das regras. O processo penal tornou-se uma peça abstrata onde se dá mais valor ao rito que aos interessados que são pessoas de carne e osso. E a tão esperada e controvertida reforma do Judiciário está muito difícil de acontecer, porém, há um projeto de  autoria do Senador Hélio Bicudo que pode ser votado brevemente no Senado. Mas, devido à pressão do corporativismo das empresas e  também dos lobistas, o projeto já foi tão emendado que não restou muita coisa do texto original.
O primeiro passo na prisão de um criminoso é a elaboração de um  inquérito policial, por um delegado de polícia. Muitas vezes estes inquéritos estão cheios de deliberadas falhas que atrasam o processo, por pressão de pessoas influentes da sociedade, já que muitos delegados são nomeados e promovidos por critérios políticos. Havia uma proposta no projeto de reforma que era transferir a elaboração do inquérito para o promotor, porque é ele quem oferece a denúncia à justiça, evitando esses erros propositais. Outra proposta é criação do chamado juiz de instrução, vitalício, inamovível, para produzir uma investigação sem sofrer pressões, como acontece na Espanha e na França. Porém os delegados abominam a ideia de responder a um promotor e juiz pelo andamento de um inquérito. E por enquanto tudo fica como está.
O judiciário, por sua vez, começa a aproximar-se da população com os juizados de pequenas causas, que são voltados para delitos menores. E também com o ministério público oferecendo justiça gratuita para quem não pode pagar. Mas melhoraria muito se houvesse uma descentralização nas varas criminais, espalhando-as pelas regiões como ocorre com as delegacias. A modernização,  informatização e interligação dos Estados no sistema, também são imprescindíveis. Outra medida simples seria a introdução de multas para os advogados que abusassem dos recursos sem justificativa. Uma outra proposta é a adoção de um artifício chamado súmula vinculante, que permitiria ao Tribunal de Justiça repetir a jurisprudência já estabelecida a partir do primeiro recurso, evitando o pingue-pongue de recursos no Tribunal.
Temos que admitir que a violência é maior que a lei e seus poderes constituídos e a justiça criminal só entra em cena depois que ocorreu o crime. Tem que se investir na prevenção dos delitos e na manutenção da justiça. O problema é que querem fazer as reformas necessárias sem perder os privilégios.

JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - acadêmico de direito da Faculdade UNAERP Guarujá.

O CHALAÇA resenha


             A obra O CHALAÇA foi escrita por José Roberto Torero em 1999 e publicada pela EDITORA OBJETIVA LTDA, (3ª edição), foi baseada em livros de autores portugueses como; Meus cavalos e meus amigos de João Carlota (1734-1859), Minha vida na corte de Portugal e as boas maneiras que nela se deve praticar de João da Rocha Pinto (1795-1866), e também em manuscritos encontrados em poder de uma tataraneta de Francisco Garcia Gomes da Silva, que é filho bastardo de Francisco Gomes da Silva com Mariana Garcia. É um Best Seller que foi agraciado com os prêmios Aplub e Jabuti e em sua primeira edição foram vendidas mais de quarenta mil exemplares.
O autor José Roberto Torero é um escritor premiado, nasceu em Santos (1963) e se formou em Letras e Jornalismo pela USP. Dirigiu e escreveu vários curtas-metragens e trabalhou como roteirista em alguns longas. É, também, autor de outras obras como; Terra Papagalli e Xadrez, Truco e outras guerras.               
Francisco Gomes da Silva, português, filho bastardo do Visconde de Vila Nova da Prata, foi criado pelo ourives Antônio Gomes da Silva, que se casou com sua mãe e lhe emprestou o sobrenome, foi educado em um seminário franciscano, onde passou parte da sua infância e adolescência. Aos dezoito anos de idade, por causa das guerras napoleônicas, fugiu para o Brasil, junto com toda Família Real e membros da corte portuguesa, onde viveu por grande e significante parte da sua vida.
Gomes era conhecido, entre os amigos, pelo apelido de Chalaça por causa do seu jeito alegre e festivo. Tinha muita habilidade com uma viola e, também, com as mulheres e passava as tardes do ano de 1809, nos botequins da Rua do Piolho no Rio de Janeiro, mais freqüentemente no Bar da Corneta, onde conheceu o Príncipe D.Pedro I, que também era um boêmio e grande admirador das virtudes femininas. Com a volta de Sua Majestade EL Rei D.João VI, no ano de 1820, para Portugal, tornou-se  conselheiro do, então, Príncipe Regente D.Pedro I e intermediador dos muitos e nem tão secretos encontros amorosos, de Sua Alteza com as Damas da Corte.
Em conseqüência de suas aventuras amorosas teve um filho com uma jovem cigana, com quem foi obrigado a se casar, persuadido pelo pai da moça. Entretanto, não conviveu com sua esposa e filho, no entanto, deu-lhes uma casa e uma boa pensão para o sustento deles.   
Na posição de conselheiro-mor do Imperador participou dos fatos mais importantes na história do Brasil como; o grito de Independência, a elaboração da primeira Constituição, instituindo o Poder Moderador, ajudou  a dissolver a  opositora Assembléia Constituinte mandando os irmãos Andradas para o exílio na França, entre outros feitos. Por recompensa pelos serviços prestados, foi agraciado com as patentes de Capitão e posteriormente a de Coronel da Guarda Imperial, o que lhe rendia um ótimo soldo para seus caros deleites.      
Algum tempo após a morte de sua esposa, a Imperatriz Leopoldina, D.Pedro se casou, pela segunda vez, com uma jovem de dezessete anos, a Duquesa Amélia Augusta Eugênia Napoleona de Leuchtenberg e Eichstoedt, prima de Napoleão, que viera da Europa trazida pelo Marquês de Barbacena, especialmente para este fim.
A jovem princesa não via com bons olhos a estreita amizade de seu marido com Chalaça e, incentivada pelo vil Marquês, que o invejava, conspirou para que D. Pedro expulsasse seu amigo do Brasil. Dessa forma, Chalaça partiu para o exílio na Inglaterra, porém, o Imperador lhe concedeu, do seu próprio bolso, uma pensão anual substancial, por tempo indeterminado.
Em abril de 1831 D. Pedro I abdicou do trono brasileiro em favor de seu filho D. Pedro II e voltou para Portugal. Quando soube que Sua Alteza voltara, Gomes se pôs a disposição para ajudá-lo na questão da sucessão portuguesa, onde o usurpador D. Miguel ocupara o lugar da Rainha D.Maria II.
D. Pedro reuniu um pequeno exército, na França, e partiu para os Açores, porém Gomes decidiu não ir para o campo de batalha, pois achava que seria mais útil ficar em Paris na batalha diplomática, no entanto, durante o jantar de despedida, num gesto patriótico e impensado, abriu mão de sua pensão em favor da luta dos constitucionais portugueses o que lhe custou muitas privações morando em uma modesta estalagem. Enquanto seu augusto amigo preparava a batalha final, nos Açores, Gomes conheceu a Baronesa de Lyon, a senhora Marie-Louise de Vieuxtemps, viúva de um riquíssimo industrial e simpatizante das causas liberais, então passou a cortejá-la com o secreto propósito de se casar com ela e se  tornar Barão, porém o destino conspirou contra ele levando a Baronesa ao óbito antes que se concretizassem as bodas com a fortuna. Gomes, desolado, decidiu ir ao encontro de seu fiel amigo, que havia vencido a guerra contra D.Miguel, e precisaria de seus serviços na reorganização do País que seria governado por sua filha. Lá chegando, foi recebido com festa por seus velhos amigos João Carlota, João da Rocha Pinto e em especial por D.Pedro que o fez novamente seu conselheiro e braço direito.
Com a situação normalizada em Portugal, D.Pedro mandou buscar a jovem Rainha e a Duquesa, que estavam em segurança na França.  Alguns anos se passaram até que, muito doente D. Pedro veio a falecer, e a situação para Gomes não ficou muito cômoda, pois, havia um outro “Barbacena”,  era um tal Caetano Gamito, que tinha o propósito de afastá-lo da corte e desposar a Duquesa viúva. Gamito teria conseguido realizar seu intento se não tivessem descoberto, a tempo, que o falso moralista tinha uma filhinha com uma negra e não lhes dava nenhuma  assistência.
Finalmente a jovem Rainha de Portugal reconheceu a lealdade e os serviços prestados pelo Conselheiro Gomes ao seu pai e a toda sua família e o agraciou com a comenda de Conde de Ourém.
Chalaça consolidou sua sorte casando-se com a Duquesa de Leuchtenberg, com quem teve uma criança e viveu feliz a viajar pelos mais belos lugares da Europa.
O Chalaça é uma obra muito interessante onde o narrador alterna fatos da época em que está vivendo com suas memórias, traçando um paralelo entre o passado e o presente,  sempre com muito bom-humor.
O autor nos conta uma história, até certo ponto verídica, de um sujeito muito esperto e perspicaz, que sempre almejou levar uma boa vida desfrutando  do melhor que nela há, mas que em nenhum momento demonstrou traços de deslealdade, maucaratismo ou desonestidade nos seus atos, ao contrário, a despeito de ter desposado a viúva do seu melhor amigo, nunca a cobiçou ou lhe faltou com o respeito enquanto ele vivia. Daquele tempo até os dias de hoje seu jeito de ser e agir tem servido de modelo de vida para muitas pessoas, principalmente pelos políticos.

JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - acadêmico de direito da Faculdade UNAERP Guarujá (2004).


sexta-feira, 12 de abril de 2013

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