sábado, 21 de março de 2015
Lucia Helena Pedagoga: A COR DA TERNURA resenha
Lucia Helena Pedagoga: A COR DA TERNURA resenha: A 12ª edição do livro de literatura infanto-juvenil escrito por GENI GUIMARÃES foi publicado em 1998 pela EDITORA FTD S.A., São...
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
PRISÕES
O Brasil é um
país com um grande número de encarcerados: 1 em cada 730 brasileiros está atrás
das grades. Atualmente há 233.859 prisioneiros amontoados em 167.207 vagas.
Porém, com recursos escassos, corrupção e ineficiência administrativa, as prisões
brasileiras não cumprem nenhuma das funções para as quais existem. As facções
criminosas comandam o crime de dentro e de fora das cadeias. A cada dia surgem
novas entidades criminosas como o PCC que comandou recentemente uma rebelião
simultânea em todo Estado de São Paulo, envolvendo 29 presídios. A Organização
Internacional dos Direitos Humanos denunciam a existência de superlotação,
agressões, assassinatos e de presos sem assistência médica e jurídica. O caos se consolidou com a morte de 111
presos numa rebelião no extinto Carandiru. No entanto, todas as vezes que
ocorrem grandes rebeliões, a resposta oficial mais comum é a construção de mais
presídios. Em 2001 o governo federal gastou em construção, reformas e ampliação
de vagas 277,5 milhões de reais. Por outro lado se o governo investir na
melhoria ao tratamento dos presos ele é criticado porque deveria gastar com a
população honesta. Mas, há uma necessidade urgente de construção de novas
unidades prisionais, inclusive prisões federais para abrigar bandidos perigosos
que estão cumprindo pena em distritos policiais. Os policiais, por sua vez, são
treinados para prender e desvendar crimes e não para tomar conta de presos, e
este desvio de função desfalca o efetivo que deveria estar nas ruas protegendo
os cidadãos de bem.
Como no Brasil
não há prisão perpétua, pressupõe-se que todo preso sairá da cadeia um dia, e
manter essa situação onde o preso sai pior do que entrou é o mesmo que empurrar
o problema com a barriga.
Uma das
possíveis medidas para diminuir o contingente carcerário é a aplicação de penas
alternativas, o que traria a redução de 1/3 dos presos nas cadeias brasileiras.
A prisão deve ser reservada aos criminosos violentos. Devem-se criar prisões
diferentes, de segurança máxima, com menor capacidade para facilitar a sua
administração, deve haver uma triagem entre os prisioneiros, para não se
misturar homicidas perigosos com criminosos passionais. Os poucos trabalhos que
os presos realizam na cadeia, são inúteis e mal remunerados. Não há programas
de educação, e os detentos ficam fazendo pregadores de roupas em troca de maços
de cigarro.
Uma tendência
que vem dando certo é a privatização dos presídios ao molde francês, onde o
Estado administra a pena e a iniciativa privada gerencia os serviços. Já temos
no País algumas prisões utilizando este modelo com sucesso, e não se verificou
desde a sua implantação, nenhum caso de rebelião ou fuga. Nessas instituições
há, realmente, uma possibilidade de recuperação, pois são oferecidos oficinas
de trabalho, bibliotecas, lazer, aulas de arte, ensino fundamental e médio, e
acompanhamento religioso, e há um maior contato com a família para reintegrar o
detento à sociedade. Algumas empresas mantêm convênios com a entidade
possibilitando o trabalho dos presos durante e depois de cumprida a pena.
Para o diretor
de um desses centros, seu trabalho é diminuir o espaço entre o preso e a
comunidade. “Como reintegrar alguém à sociedade se ele não está fazendo parte
dela?”
JOSENILTON DE SOUSA E SILVA
O QUE É PODER
Palavra
abstrata que pode se revestir de significados diversos, dependendo do contexto
e época em que esteja inserido. Alguns amam, outros detestam o poder, mas o que
se sabe é que não se pode subestimá-lo. O poder não é um ser, é o nome atribuído
a um conjunto de relações que formigam por toda parte do corpo social (poder
pedagógico, pátrio poder, poder do policial, poder do padre etc.). O poder é
instaurador de normas, mais que de leis.
Ter poder é ter
meios para influir no comportamento de outras pessoas, é uma ação imposta por
um ator a um outro ator. É a utilização da força para coagir seus subordinados,
mas nem sempre com meios violentos. Existem diversas formas de se expressar o
poder.
Max Webber define o
poder como dominação, do alemão Herrschaft: Herr = Dominus = Senhor. A
dominação, segundo ele, é a probabilidade de que uma ordem específica seja
seguida por um dado grupo. O Poder de Estado persegue fins que são da
coletividade, portanto não deve ser exercido de forma coercitiva, a não ser em
casos extremos.
Talcott
Parsons acredita no poder consensual nas democracias ocidentais, o Imperative
Control, que é dispor de confiança tal que o grupo delegue aos detentores do
poder a realização de fins coletivos. É dispor de autoridade.
Para
alguns filósofos franceses, o Poder é um monstro abominável pelo qual os
súditos temerosos dobram os joelhos. Para eles é mercadoria rara que só podemos
possuir a custas de outras pessoas — o poder que possuo alguém não possui, é o
que os americanos chamam de soma zero onde o poder de A implica o não poder de
B. Neste caso a coerção é essencial
para a obediência política. Esta tese encontra-se presente em autores como
Marx, Nietzsche, etc. Parsons discorda totalmente dela.
No início as Polis (cidades gregas), se
baseavam num princípio de igualdade para uma convivência melhor possível onde a
vida pública não deveria ser caracterizada pela dominação, (Aristóteles).
O Poder foi apropriado pela classe dominante,
no século VII a burguesia tomava o Poder Estatal em seu favor, visando seu
interesses particulares.
No
fim do século XIV surge um complexo institucional com poder próprio encarregado
de garantir a segurança e a justiça, o Poder de Estado. Depositário das vontades comuns, com potência para governar.
No século XVI dá-se a expansão do
capitalismo favorecido pelo absolutismo, surgem os primeiros exércitos
profissionais para garantir a ordem e a lei, na concepção moderna de cidade.
Para o inglês Thomas Hobbes, no século XVII, a dominação suprema seria a
condição fundamental para o funcionamento da Polis, a idéia de um poder
constitutivo da Cidade. Esta idéia marca a nascença da nossa modernidade
política. A monarquia se torna absoluta e legisladora.
Desde o século XVIII o poder político é uma
instancia que constitui súditos sujeitos a seus mandos. Segundo Tcqueville,
nesta época, as instituições medievais só existem no nome. A realeza nada tem a
ver com a realeza da Idade Média. O poder político torna-se agregado do
capitalismo.
David Hume notava
no seu Tratado da Natureza Humana (1740), portanto, que não é impossível
que os homens mantenham a sociedade, por algum tempo, sem intervenção do
governo. Quando os bens da vida são escassos e de pouco valor isso é possível.
Temos como exemplo as tribos indígenas americanas.
O poder deve-se às
necessidades da guerra e os acampamentos são os verdadeiros pais das cidades.
Nelas impõe-se o poder quando as regras de justiça já não têm sustentação em si
mesmas para impor respeito. Os homens se acostumam rapidamente à obediência
cívica, e o dever da obediência enraizou-se por si só, diz Hume.
A análise de Hannah
Arendt cita que a verdadeira relação dominante / dominado está na esfera
familiar e não no Estado.
Hobbes em seu
“Leviatã” cita que a primeira marca do Príncipe soberano é o poder de
dar lei a todos em geral, e a cada um em particular. O Soberano de uma
República não está sujeito às leis civis. É a única antidesordem eficaz, é ele
ou o caos. A ele cabe zelar pela vida cômoda e pela segurança de seus súditos. O
Príncipe legítimo de uma potência acha-se liberto de toda norma ou regra.
Os interesses
econômicos estão acima dos éticos. A única razão que pode me convencer a
obedecer à lei é que ela é a lei — é saber que serei castigado se a infringir.
Para a mentalidade
corrente no século XIX o poder torna-se uma palavra pejorativa — significa
mandar. Marx reduzia o poder político a uma a uma instância opressora,
encarregada de manter as condições de
funcionamento de um sistema de produção anárquico acoplado a um sistema de
distribuição iníquo.
O poder não é um caso extremo de exercício da
autoridade: ao contrário, é a sua violência, quando em surdina, que torna
possível uma aparência de autoridade cortês e benevolente. Em qualquer
sociedade que seja. JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - acadêmico de direito
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