A obra O CHALAÇA foi escrita por José Roberto Torero em 1999 e publicada pela EDITORA OBJETIVA LTDA, (3ª edição), foi baseada em livros de autores portugueses como; Meus cavalos e meus amigos de João Carlota (1734-1859), Minha vida na corte de Portugal e as boas maneiras que nela se deve praticar de João da Rocha Pinto (1795-1866), e também em manuscritos encontrados em poder de uma tataraneta de Francisco Garcia Gomes da Silva, que é filho bastardo de Francisco Gomes da Silva com Mariana Garcia. É um Best Seller que foi agraciado com os prêmios Aplub e Jabuti e em sua primeira edição foram vendidas mais de quarenta mil exemplares.
O autor José Roberto Torero é um escritor premiado,
nasceu em Santos (1963) e se formou em Letras e Jornalismo pela USP. Dirigiu e
escreveu vários curtas-metragens e trabalhou como roteirista em alguns longas.
É, também, autor de outras obras como; Terra Papagalli e Xadrez, Truco e outras
guerras.
Francisco Gomes da Silva, português, filho bastardo do Visconde de
Vila Nova da Prata, foi criado pelo ourives Antônio Gomes da Silva, que se
casou com sua mãe e lhe emprestou o sobrenome, foi educado em um seminário
franciscano, onde passou parte da sua infância e adolescência. Aos dezoito anos
de idade, por causa das guerras napoleônicas, fugiu para o Brasil, junto com
toda Família Real e membros da corte portuguesa, onde viveu por grande e
significante parte da sua vida.
Gomes era conhecido, entre os
amigos, pelo apelido de Chalaça por causa do seu jeito alegre e festivo. Tinha
muita habilidade com uma viola e, também, com as mulheres e passava as tardes
do ano de 1809, nos botequins da Rua do Piolho no Rio de Janeiro, mais
freqüentemente no Bar da Corneta, onde conheceu o Príncipe D.Pedro I, que
também era um boêmio e grande admirador das virtudes femininas. Com a volta de
Sua Majestade EL Rei D.João VI, no ano de 1820, para Portugal, tornou-se conselheiro do, então, Príncipe Regente
D.Pedro I e intermediador dos muitos e nem tão secretos encontros amorosos, de
Sua Alteza com as Damas da Corte.
Em conseqüência de suas
aventuras amorosas teve um filho com uma jovem cigana, com quem foi obrigado a
se casar, persuadido pelo pai da moça. Entretanto, não conviveu com sua esposa
e filho, no entanto, deu-lhes uma casa e uma boa pensão para o sustento
deles.
Na posição de conselheiro-mor
do Imperador participou dos fatos mais importantes na história do Brasil como;
o grito de Independência, a elaboração da primeira Constituição, instituindo o
Poder Moderador, ajudou a dissolver
a opositora Assembléia Constituinte
mandando os irmãos Andradas para o
exílio na França, entre outros feitos. Por recompensa pelos serviços prestados,
foi agraciado com as patentes de Capitão e posteriormente a de Coronel da
Guarda Imperial, o que lhe rendia um ótimo soldo para seus caros deleites.
Algum tempo após a morte de sua
esposa, a Imperatriz Leopoldina, D.Pedro se casou, pela segunda vez, com uma
jovem de dezessete anos, a Duquesa Amélia Augusta Eugênia Napoleona de
Leuchtenberg e Eichstoedt, prima de Napoleão, que viera da Europa trazida pelo
Marquês de Barbacena, especialmente para este fim.
A jovem princesa não via com
bons olhos a estreita amizade de seu marido com Chalaça e, incentivada pelo vil
Marquês, que o invejava, conspirou para que D. Pedro expulsasse seu amigo do
Brasil. Dessa forma, Chalaça partiu para o exílio na Inglaterra, porém, o
Imperador lhe concedeu, do seu próprio bolso, uma pensão anual substancial, por
tempo indeterminado.
Em abril de 1831 D. Pedro I
abdicou do trono brasileiro em favor de seu filho D. Pedro II e voltou para
Portugal. Quando soube que Sua Alteza voltara, Gomes se pôs a disposição para
ajudá-lo na questão da sucessão portuguesa, onde o usurpador D. Miguel ocupara
o lugar da Rainha D.Maria II.
D. Pedro reuniu um pequeno
exército, na França, e partiu para os Açores, porém Gomes decidiu não ir para o
campo de batalha, pois achava que seria mais útil ficar em Paris na batalha
diplomática, no entanto, durante o jantar de despedida, num gesto patriótico e
impensado, abriu mão de sua pensão em favor da luta dos constitucionais
portugueses o que lhe custou muitas privações morando em uma modesta
estalagem. Enquanto seu augusto
amigo preparava a batalha final, nos Açores, Gomes conheceu a Baronesa de Lyon,
a senhora Marie-Louise de Vieuxtemps, viúva de um riquíssimo industrial e
simpatizante das causas liberais, então passou a cortejá-la com o secreto
propósito de se casar com ela e se
tornar Barão, porém o destino conspirou contra ele levando a Baronesa ao
óbito antes que se concretizassem as bodas com a fortuna. Gomes, desolado,
decidiu ir ao encontro de seu fiel amigo, que havia vencido a guerra contra
D.Miguel, e precisaria de seus serviços na reorganização do País que seria
governado por sua filha. Lá chegando, foi recebido com festa por seus velhos
amigos João Carlota, João da Rocha Pinto e em especial por D.Pedro que o fez
novamente seu conselheiro e braço direito.
Com a situação normalizada em
Portugal, D.Pedro mandou buscar a jovem Rainha e a Duquesa, que estavam em
segurança na França. Alguns anos se
passaram até que, muito doente D. Pedro veio a falecer, e a situação para Gomes
não ficou muito cômoda, pois, havia um outro “Barbacena”, era um tal Caetano Gamito, que tinha o
propósito de afastá-lo da corte e desposar a Duquesa viúva. Gamito teria
conseguido realizar seu intento se não tivessem descoberto, a tempo, que o
falso moralista tinha uma filhinha com uma negra e não lhes dava nenhuma assistência.
Finalmente a jovem Rainha de
Portugal reconheceu a lealdade e os serviços prestados pelo Conselheiro Gomes
ao seu pai e a toda sua família e o agraciou com a comenda de Conde de Ourém.
Chalaça consolidou sua sorte
casando-se com a Duquesa de Leuchtenberg, com quem teve uma criança e viveu
feliz a viajar pelos mais belos lugares da Europa.
O Chalaça é uma obra muito interessante onde o narrador alterna
fatos da época em que está vivendo com suas memórias, traçando um paralelo
entre o passado e o presente, sempre com
muito bom-humor.
O autor nos conta uma história,
até certo ponto verídica, de um sujeito muito esperto e perspicaz, que sempre
almejou levar uma boa vida desfrutando
do melhor que nela há, mas que em nenhum momento demonstrou traços de
deslealdade, maucaratismo ou desonestidade nos seus atos, ao contrário, a
despeito de ter desposado a viúva do seu melhor amigo, nunca a cobiçou ou lhe
faltou com o respeito enquanto ele vivia. Daquele tempo até os dias de hoje seu
jeito de ser e agir tem servido de modelo de vida para muitas pessoas,
principalmente pelos políticos.
JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - acadêmico de direito da Faculdade UNAERP Guarujá (2004).
JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - acadêmico de direito da Faculdade UNAERP Guarujá (2004).
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