LIVRO II (resumo)
Há dois tipos de excelência: a
intelectual e a moral. A primeira se deve à instrução, ela requer experiência e
tempo. A segunda é produto do hábito, não é constituída pela natureza, pois
nada que é natural pode ser alterado pelo hábito, ex: a pedra que por natureza
se move para baixo, não pode ser habituada a mover-se para cima, tampouco, o
fogo pode ser habituado a mover-se para baixo.
A natureza nos dá a capacidade
de receber a excelência moral, esta capacidade se aperfeiçoa com o hábito. A
potencialidade é a primeira capacidade que nos é dada pela natureza, são os
sentidos que adquirimos ao nascer, depois vem a atividade.
Os legisladores formam os
cidadãos, habituando-os a fazer o bem. Só praticando justiça é que nos
tornaremos justos. Agir de acordo com A reta razão é um princípio a ser
presumido. A moderação e a coragem são excelências morais. Só nos tornaremos
moderados se praticarmos a moderação, e só praticando a coragem é que seremos
corajosos. Nossos hábitos são formados desde a infância. Os homens são bons ou
maus construtores construindo bem ou mal. Nossas disposições morais
correspondem às nossas atividades correspondentes. A excelência moral é
constituída, por natureza, de modo a ser destruída pela deficiência e pelo
excesso. O homem que nada teme e enfrenta tudo se torna temerário; da mesma
forma, o homem que se entrega a todos os prazeres e não se abstêm de qualquer
deles se torna concupiscente. As pessoas que sofrem sempre ao enfrentar coisas
terríveis se tornam covardes.
A excelência moral se relaciona
com o prazer e o sofrimento. É por causa do prazer que praticamos más ações e é
por causa do sofrimento que deixamos de praticar ações nobilizantes. Toda ação
e emoção são acompanhadas de prazer e sofrimento. Platão disse que a verdadeira
educação é sermos habituados, desde criança, a gostar e desgostar das coisas
certas. A tendência para o prazer cresce conosco desde a infância. O castigo é
uma espécie de tratamento médico das nossas ações.
A excelência e a deficiência
moral se relacionam com as mesmas coisas. Há três objetos de escolha e de
repulsa: o nobilitante, o vantajoso, o agradável, e seus contrários — o
ignóbil, o nocivo, e o penoso. É mais difícil lutar contra o prazer do que
contra a cólera.
A preocupação da excelência
moral e da ciência política é com o prazer e com o sofrimento porquanto que o
homem que os usa bem é bom e o que os usa mal é mau. As ações justas e
moderadas resultam da prática reiterada.
A ações da alma são de três espécies — emoção,
faculdade e disposição — a excelência moral deve ser uma dessas. Emoções
são: o desejo, a cólera, o medo, a temeridade, a inveja, a alegria, a
amizade, o ódio, a saudade, o ciúme, a emulação, a piedade e de modo geral os
sentimentos acompanhados de prazer e sofrimento. As faculdades são: as
inclinações em virtude das quais dizemos que somos capazes de sentir emoções.
Disposição: são os estados da alma em virtude dos quais estamos bem ou mal
em relação às emoções. A excelência moral do homem será a disposição que o fará
ser bom por desempenhar bem uma função. Somos chamados bons ou maus com base na
nossa excelência ou deficiência moral e não pelas nossas emoções.
A excelência moral, então, é
uma disposição da alma relacionada com a escolha de ações e emoções, disposição
esta consistente num meio termo determinado pela razão.
Mas nem toda ação admite meio
um termo, pois algumas delas têm nomes nos quais já está implícita a maldade —
por exemplo, o despeito, a imprudência, a inveja e, no caso das ações, o
adultério, o roubo, o assassinato; em todas estas emoções e ações e em outras
semelhantes, a maldade não está no excesso ou na falta; ela está implícita no
seu próprio nome. Portanto não há meio termo nas ações mencionadas, pois seja
qual for amaneira de praticá-las, elas estarão sempre erradas.
Em relação à honra e desonra, o
meio termo é a magnanimidade, o excesso é chamado de pretensão, e a falta é a
pusilanimidade.
Mas não é fácil determinar
racionalmente até onde e em que medida uma pessoa pode desviar-se antes de
tornar-se censurável; tais coisas dependem de circunstancias específicas, e a
decisão depende da percepção.Isto é bastante para determinar que a situação
intermediária deve ser louvada em todas as circunstâncias, mas que às vezes
devemos inclinar-nos no sentido do excesso, e às vezes no sentido da falta,
pois assim atingiremos mais facilmente o meio termo e o que é certo.
(JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - trabalho acadêmico 2ª etapa – Direito – UNAERP/Guarujá 2002)
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