quinta-feira, 18 de outubro de 2012

ÉTICA A NICÔMACO - Aristóteles


LIVRO II (resumo)
 Há dois tipos de excelência: a intelectual e a moral. A primeira se deve à instrução, ela requer experiência e tempo. A segunda é produto do hábito, não é constituída pela natureza, pois nada que é natural pode ser alterado pelo hábito, ex: a pedra que por natureza se move para baixo, não pode ser habituada a mover-se para cima, tampouco, o fogo pode ser habituado a mover-se para baixo.
A natureza nos dá a capacidade de receber a excelência moral, esta capacidade se aperfeiçoa com o hábito. A potencialidade é a primeira capacidade que nos é dada pela natureza, são os sentidos que adquirimos ao nascer, depois vem a atividade.
Os legisladores formam os cidadãos, habituando-os a fazer o bem. Só praticando justiça é que nos tornaremos justos. Agir de acordo com A reta razão é um princípio a ser presumido. A moderação e a coragem são excelências morais. Só nos tornaremos moderados se praticarmos a moderação, e só praticando a coragem é que seremos corajosos. Nossos hábitos são formados desde a infância. Os homens são bons ou maus construtores construindo bem ou mal. Nossas disposições morais correspondem às nossas atividades correspondentes. A excelência moral é constituída, por natureza, de modo a ser destruída pela deficiência e pelo excesso. O homem que nada teme e enfrenta tudo se torna temerário; da mesma forma, o homem que se entrega a todos os prazeres e não se abstêm de qualquer deles se torna concupiscente. As pessoas que sofrem sempre ao enfrentar coisas terríveis se tornam covardes.
A excelência moral se relaciona com o prazer e o sofrimento. É por causa do prazer que praticamos más ações e é por causa do sofrimento que deixamos de praticar ações nobilizantes. Toda ação e emoção são acompanhadas de prazer e sofrimento. Platão disse que a verdadeira educação é sermos habituados, desde criança, a gostar e desgostar das coisas certas. A tendência para o prazer cresce conosco desde a infância. O castigo é uma espécie de tratamento médico das nossas ações.
A excelência e a deficiência moral se relacionam com as mesmas coisas. Há três objetos de escolha e de repulsa: o nobilitante, o vantajoso, o agradável, e seus contrários — o ignóbil, o nocivo, e o penoso. É mais difícil lutar contra o prazer do que contra a cólera.
A preocupação da excelência moral e da ciência política é com o prazer e com o sofrimento porquanto que o homem que os usa bem é bom e o que os usa mal é mau. As ações justas e moderadas resultam da prática reiterada.
 A ações da alma são de três espécies — emoção, faculdade e disposição — a excelência moral deve ser uma dessas. Emoções são: o desejo, a cólera, o medo, a temeridade, a inveja, a alegria, a amizade, o ódio, a saudade, o ciúme, a emulação, a piedade e de modo geral os sentimentos acompanhados de prazer e sofrimento. As faculdades são: as inclinações em virtude das quais dizemos que somos capazes de sentir emoções. Disposição: são os estados da alma em virtude dos quais estamos bem ou mal em relação às emoções. A excelência moral do homem será a disposição que o fará ser bom por desempenhar bem uma função. Somos chamados bons ou maus com base na nossa excelência ou deficiência moral e não pelas nossas emoções.
A excelência moral, então, é uma disposição da alma relacionada com a escolha de ações e emoções, disposição esta consistente num meio termo determinado pela razão.
Mas nem toda ação admite meio um termo, pois algumas delas têm nomes nos quais já está implícita a maldade — por exemplo, o despeito, a imprudência, a inveja e, no caso das ações, o adultério, o roubo, o assassinato; em todas estas emoções e ações e em outras semelhantes, a maldade não está no excesso ou na falta; ela está implícita no seu próprio nome. Portanto não há meio termo nas ações mencionadas, pois seja qual for amaneira de praticá-las, elas estarão sempre erradas.
Em relação à honra e desonra, o meio termo é a magnanimidade, o excesso é chamado de pretensão, e a falta é a pusilanimidade.
Mas não é fácil determinar racionalmente até onde e em que medida uma pessoa pode desviar-se antes de tornar-se censurável; tais coisas dependem de circunstancias específicas, e a decisão depende da percepção.Isto é bastante para determinar que a situação intermediária deve ser louvada em todas as circunstâncias, mas que às vezes devemos inclinar-nos no sentido do excesso, e às vezes no sentido da falta, pois assim atingiremos mais facilmente o meio termo e o que é certo.
(JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - trabalho acadêmico 2ª etapa – Direito – UNAERP/Guarujá 2002)       

Nenhum comentário:

Postar um comentário