quarta-feira, 27 de junho de 2012

A ÁGUIA E A GALINHA - resenha

O autor Leonardo Boff é professor de teologia, de filosofia, de espiritualidade e ecologia. Formulou a Teologia da libertação. Dá cursos em universidades no Brasil e no exterior. Publicou mais de sessenta livros. É professor emérito da Universidade do Rio de Janeiro.   
Esta obra foi publicada pela Editora Vozes RJ em 1997/ 35ª edição.

A História
Gana é um país da África ocidental, situado no golfo de Guiné entre a Costa do Marfim e o Togo, sua história teve início no século IV e, do ano 700 a 1200 teve seu, chamado, apogeu do ouro.
Tornou-se colônia de Portugal no século XVI quando passou a ser chamada de Costa do Ouro ou Costa da Mina. Além de serem saqueados em seus  recursos minerais, seus filhos foram escravizados e traficados para o Brasil e para as plantações de cana-de-açúcar nos Estados Unidos.
Em 1874, sob o pretexto de combater o tráfico, os ingleses se apoderaram da costa do país, e em 1895 tomaram todo território como colônia da Inglaterra. Durante os anos de ocupação os colonizadores impunham seus costumes, menosprezando a cultura ganesa, mas, nem todos aceitavam o jugo sem protesto. Um desses inconformados era James Aggrey que fundou um partido de libertação.
Em 1874, em uma acalorada reunião, Aggrey percebeu que não havia entendimento entre os seus companheiros; uns defendiam a força através de luta armada, outros preferiam a organização política, outros até se conformavam com o domínio inglês e com sua falsa ilusão de progresso. Diante de um grande tumulto Aggrey pediu a palavra e, com a calma que lhe era peculiar, contou uma história mais ou menos assim: 
Era uma vez um camponês  que ao sair para caçar, encontrou um filhote de águia que havia caído do ninho, ele levou a ave para casa e a colocou para viver junto com suas galinhas. Assim ela cresceu, se comportando como uma autêntica galinha. Num certo dia, porém, um naturalista que por ali passava se indignou com o fato e observou que uma águia não poderia viver ciscando, mas o roceiro dizia que ela não era mais águia e sim galinha, bastava observar seu comportamento. Inconformado o estudioso lhe propôs uma aposta onde ele tentaria, por três vezes, mostrar à rainha dos ares o seu verdadeiro destino. Então ele tomou-a em seu braço e a fustigou para que voasse, mas ela caiu pesadamente no chão e correu para junto de suas companheiras. Uma nova tentativa, de cima do telhado, e o que se viu foi, no máximo, um desajeitado voo galináceo. 
Finalmente o pesquisador decidiu levar o aquilino para o alto de uma montanha, bem longe de suas convivas cacarejantes, e lá chegando mostrou-lhe um esplendoroso Sol e a imensidão que o cercava. Enfim a majestosa Rainha das aves deu vazão aos seus instintos e abrindo suas asas de quase três metros de envergadura,  alçou um voo, meio tímido no começo, mas, logo voou como se sempre o tivesse feito.
— Portanto, concluiu Aggrey, estamos vivendo como galinhas, ciscando entre as migalhas que nos oferecem, mas não se esqueçam que somos águias e é como águia que devemos pensar, só assim conseguiremos conquistar nossa independência. Os opressores nos privam de nossos costumes e menosprezam nossos credos e divindades, nos impondo suas tradições e crenças, fazendo com que esqueçamos de nossas raízes culturais,  nos obrigando a viver de forma servil e submissa. Portanto, tal qual a águia da história, devemos nos libertar de nossos próprios medos e voar para a liberdade.    
Aggrey não viu a libertação do seu povo, morreu em 1927, entretanto, semeou sonhos entre os mais jovens. A libertação veio uma geração após com Kuame N’Krumah, que era um dos simpatizantes das idéias de Aggrey. N’Krumah organizou o Partido da Convenção do Povo em 1949, e em 1952 Londres foi obrigada a fazê-lo primeiro-ministro. Em 1957 proclamou a independência de seu país e devolveu o seu antigo nome; Gana, que foi a primeira colônia africana a se tornar  independente.
O autor nos reconta esta mesma parábola, enriquecendo-a com detalhes aos moldes dos hebreus, mas sem mudar o conteúdo.
O texto nos leva a pensar sobre nossas dimensões; águia e galinha, e nos remete à reflexão de nosso ser interior, fazendo-nos acreditar que sempre existirá o caos e o cosmos, o certo e o errado, o bem e o mal e, no entanto,  devemos dar vazão aos nossos instintos nos libertando de nós mesmos, só assim encontraremos a verdadeira liberdade. Entretanto não devemos nos esquecer de ter os pés firmes no chão, pois, a águia voa muito alto, mas tem que voltar ao chão para se alimentar e prover o sustento de seus filhotes. Ao longo da história da humanidade tivemos muitos exemplos de homens ilustres que tentaram nos mostrar esta forma de equilíbrio, são eles; Ghandi, Confúcio, Lao Tse, entre outros como Jesus de Nazaré que pregava sua doutrina espiritual sem deixar de se preocupar com o sofrimento imposto pelos tiranos aos povos daquela época.               
A conclusão que se tira de todo esse pensamento é que; A Liberdade está dentro de nós, basta darmos asas a ela!



JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - acadêmico de direito da Faculdade UNAERP Guarujá.

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