Livro editado pela primeira vez em 1900, em Paris, pela Revista Moderna
que era dirigida pelo brasileiro M. Botelho. Esta publicação faz parte da 12ª
edição, pela editora: “LIVROS DO BRASIL” em
Lisboa. Tem doze capítulos e 362 páginas.
O autor Eça de Queiroz
nasceu em Portugal no século XIX e morreu no início do século XX. Deixou
publicadas muitas obras famosas como; O crime do Padre Amaro, O Primo Bazilio,
O mandarim, A Relíquia, Os Maias, e mais uma dezena de obras póstumas, dentre
elas uma parte de A Ilustre Casa de Ramires.
Na história de Portugal sempre houve um Mendes Ramires ilustre por sua
bravura. Aliás, esta família já era mais antiga em Espanha que o próprio
Condado Portucalense. Gonçalo Mendes Ramires, foi certamente o mais genuíno e
antigo fidalgo de Portugal. Era o último varão de uma linhagem que construiu
seu castelo, nos meados do século X e que resistia ao tempo com sua famosa e
imponente torre em Santa Ireneia.
Um ano após sua formatura na faculdade de direito em Coimbra, Gonçalo
Ramires foi à Lisboa para resolver uns problemas de hipoteca de uma quinta. Lá
encontrou um velho conhecido, o Castanheiro, este suplicou para que ele lhe
cedesse um artigo para os “Anais”. Tratava-se de uma novela sobre o seu avô
Tructesindo, que ele anunciara na universidade. Esta novela resgataria a honra
e a tradição de Portugal através dos feitos heroicos de seus antepassados.
Explicando ao amigo que ainda não havia escrito tal texto, Gonçalo firmou a
promessa de que o faria, para que fosse publicado como primeiro artigo de uma
grande revista da capital. De volta a seu castelo, ele deu início ao memorável
escrito. No entanto, o Fidalgo da Torre passava os dias sem inspiração, pois se
achava tão pequeno e sem bravura para escrever sobre personalidades tão heroicas.
Ao entardecer Gonçalinho costumava
se encontrar com amigos para tomar umas taças de vinho. Foi quando João Gouveia
passou a incentivá-lo a se reconciliar
com seu desafeto, o governador civil
André Cavaleiro, que fora seu grande amigo no passado, mas que havia
perdido sua confiança por causa de um namoro com sua irmã, Gracinha Ramires.
Desde então, o escritor não se cansava de enxovalhar a vida política de seu
ex-amigo em jornais de grande circulação. E poucos entendiam o porquê de tão
ferrenha oposição, que chegava a ser pessoal. Entretanto, com a morte de um
deputado da região, começou a corrida para ocupar a Câmara, e o nome mais
cogitado para o cargo era o de Ramires, mas a indicação caberia ao influente
governador. Então, o Fidalgo se aliou a André e se tornou candidato. E, em uma de
suas cavalgadas para visitar uns eleitores, Mendes Ramires foi emboscado por
uns valentões que já o haviam interpelado outrora. Desta feita, ele não se
deixou humilhar e os reprimiu com seu chicote ferindo-os profundamente. Seu
heroísmo foi divulgado até em Lisboa. E o feito foi tomando ares de mito. Isto
foi o combustível que faltava para terminar sua novela, que fez um grande
sucesso. Gonçalo Mendes venceu a eleição, mas não estando satisfeito com a vida
parlamentar, surpreendeu a todos partindo para a África. Anos depois ele
resolveu voltar e estava muito feliz com os frutos de suas terras em além mar.
Seus amigos se reuniram para recepcioná-lo, enquanto lembravam quadras de seu
romance; “A Ilustre Casa de Ramires”. Um amigo mais íntimo ousou compará-lo,
por seu caráter, gênio, bondade, e muitas outras qualidades, a nada menos que a
Portugal.
Esta
é uma história muito interessante que deixa o leitor, no decorrer da leitura,
com a curiosidade de saber se o personagem cederá à vaidade de ter um cargo
político mantendo seus princípios morais e éticos. Mas o desfecho não chega a
ser surpreendente.
A linguagem rebuscada utilizada mostra um pouco de como se falava em 1900.
JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - acadêmico de direito da Faculdade UNAERP Guarujá.
A linguagem rebuscada utilizada mostra um pouco de como se falava em 1900.
JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - acadêmico de direito da Faculdade UNAERP Guarujá.
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