sexta-feira, 29 de junho de 2012

A ILUSTRE CASA DE RAMIRES resenha


Livro editado pela primeira vez em 1900, em Paris, pela Revista Moderna que era dirigida pelo brasileiro M. Botelho. Esta publicação faz parte da 12ª edição, pela editora: “LIVROS DO BRASIL” em  Lisboa. Tem doze capítulos e 362 páginas.
           O autor Eça de Queiroz nasceu em Portugal no século XIX e morreu no início do século XX. Deixou publicadas muitas obras famosas como; O crime do Padre Amaro, O Primo Bazilio, O mandarim, A Relíquia, Os Maias, e mais uma dezena de obras póstumas, dentre elas uma parte de A Ilustre Casa de Ramires.
Na história de Portugal sempre houve um Mendes Ramires ilustre por sua bravura. Aliás, esta família já era mais antiga em Espanha que o próprio Condado Portucalense. Gonçalo Mendes Ramires, foi certamente o mais genuíno e antigo fidalgo de Portugal. Era o último varão de uma linhagem que construiu seu castelo, nos meados do século X e que resistia ao tempo com sua famosa e imponente torre em Santa Ireneia.
Um ano após sua formatura na faculdade de direito em Coimbra, Gonçalo Ramires foi à Lisboa para resolver uns problemas de hipoteca de uma quinta. Lá encontrou um velho conhecido, o Castanheiro, este suplicou para que ele lhe cedesse um artigo para os “Anais”. Tratava-se de uma novela sobre o seu avô Tructesindo, que ele anunciara na universidade. Esta novela resgataria a honra e a tradição de Portugal através dos feitos heroicos de seus antepassados. Explicando ao amigo que ainda não havia escrito tal texto, Gonçalo firmou a promessa de que o faria, para que fosse publicado como primeiro artigo de uma grande revista da capital. De volta a seu castelo, ele deu início ao memorável escrito. No entanto, o Fidalgo da Torre passava os dias sem inspiração, pois se achava tão pequeno e sem bravura para escrever sobre personalidades tão heroicas.
 Ao entardecer Gonçalinho costumava se encontrar com amigos para tomar umas taças de vinho. Foi quando João Gouveia passou a incentivá-lo a se  reconciliar com seu desafeto, o governador civil  André Cavaleiro, que fora seu grande amigo no passado, mas que havia perdido sua confiança por causa de um namoro com sua irmã, Gracinha Ramires. Desde então, o escritor não se cansava de enxovalhar a vida política de seu ex-amigo em jornais de grande circulação. E poucos entendiam o porquê de tão ferrenha oposição, que chegava a ser pessoal. Entretanto, com a morte de um deputado da região, começou a corrida para ocupar a Câmara, e o nome mais cogitado para o cargo era o de Ramires, mas a indicação caberia ao influente governador. Então, o Fidalgo se aliou a André e se tornou candidato. E, em uma de suas cavalgadas para visitar uns eleitores, Mendes Ramires foi emboscado por uns valentões que já o haviam interpelado outrora. Desta feita, ele não se deixou humilhar e os reprimiu com seu chicote ferindo-os profundamente. Seu heroísmo foi divulgado até em Lisboa. E o feito foi tomando ares de mito. Isto foi o combustível que faltava para terminar sua novela, que fez um grande sucesso. Gonçalo Mendes venceu a eleição, mas não estando satisfeito com a vida parlamentar, surpreendeu a todos partindo para a África. Anos depois ele resolveu voltar e estava muito feliz com os frutos de suas terras em além mar. Seus amigos se reuniram para recepcioná-lo, enquanto lembravam quadras de seu romance; “A Ilustre Casa de Ramires”. Um amigo mais íntimo ousou compará-lo, por seu caráter, gênio, bondade, e muitas outras qualidades, a nada menos que a Portugal. 
            Esta é uma história muito interessante que deixa o leitor, no decorrer da leitura, com a curiosidade de saber se o personagem cederá à vaidade de ter um cargo político mantendo seus princípios morais e éticos. Mas o desfecho não chega a ser surpreendente.
            A linguagem rebuscada utilizada mostra um pouco de como se falava em 1900.

    JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - acadêmico de direito da Faculdade UNAERP Guarujá.
                 



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