Resenha do conto extraído da obra de domínio público disponível no site:
www.uol.com.br/cultvox. Trata-se
de um gênero literário considerado “de terror” e intitulado como “Romance
Negro” ou “Romance Gótico”.
O autor Edgar Allan Poe nasceu em Boston, EUA, em 1809. Ficou órfão
aos dois anos de idade e foi criado pelo tio, cujo sobrenome, Allan,
acrescentou ao seu. Foi expulso da Universidade devido à sua geniosidade. Iniciou
em Boston a sua difícil e precoce
existência de homem e escritor. Morreu em Baltimore em 1849.
De uma cela de
criminoso, um homem narra uma sequência de fatos extraordinários e domésticos que o levaram a passar o resto da vida naquele lugar. Ele conta que quando
criança era tranquilo e querido por
todos. Gostava muito de animais e tinha mais de uma dúzia deles. Casou-se cedo
com uma moça que também gostava de bichos e com ela tiveram muitos deles, mas o
principal era Pluto, um gato totalmente preto. Porém, em breve tempo, por causa
do alcoolismo, aquele homem tornou-se taciturno e irritadiço e passou a
infernizar a vida da bicharada e até de sua esposa. Só ao gato ele não
maltratava. Mas, numa certa noite ao voltar para casa, como sempre, embriagado,
o infeliz arrancou um olho do animal com um canivete. Tempos depois, numa
manhã, tomado por um sentimento misto de perversidade e remorso, ele enforcou o
seu companheiro numa árvore do quintal. Por coincidência, na mesma noite do dia
em que cometeu aquela crueldade, ele foi acordado pelo grito de “fogo!”. Sua
casa ardera em chamas, só restando uma parede com uma estranha marca semelhante a um grande felino enforcado,
mas ele não deu importância e foi morar em outro lugar. Passados alguns dias,
num dos botecos que frequentava, ele encontrou outro gato e o levou para casa, era tão grande e negro
quanto o primeiro. Sua mulher percebeu que o bichano tinha uma mancha branca no
peito com um certo formato de forca e que só tinha um olho, tal qual o
enforcado. Tais coincidências o deixaram perturbado, mas logo passou. E o novo
companheiro se mostrou tão ou mais amável que o outro, tanto que às vezes o
irritava com demasiados esfregões e carícias. Num fatídico dia, ao arrumar o porão do prédio onde morava,
ele tropeçou no infeliz peludo. E, num acesso de fúria, desferiu-lhe uma
machadada, mas a mulher dele interferiu evitando o pior. Subitamente, tomado
por uma ira demoníaca, ele cravou a machadinha no cérebro de sua esposa que
caiu morta sem um gemido, e o gato sumiu assustado. Feita a besteira, ele
resolveu ocultar o corpo numa das paredes da adega, tal qual faziam os monges
da Idade Média com suas vítimas.
Os policiais
fizeram algumas diligências para investigar o desaparecimento daquela mulher,
mas nada conseguiram apurar. Até que, quatro dias após o homicídio, em uma
última investigação pelo porão da casa, os homens da lei resolveram encerrar o
caso por hora, inocentando assim o vilão. Eles já iam saindo quando, tomado por um
sentimento de regozijo e júbilo por tê-los enganado, o assassino começou a
falar sem pensar. E fazendo alusões à firmeza das paredes da construção ele
batia nelas com uma bengala. Foi quando de dentro da tumba soou uma voz
entrecortada e abafada, primeiro como os soluços de uma criança, depois foi
como um grito agudo anormal e inumano. O fanfarrão quase desfaleceu sobre as
pernas. Foi quando os policiais derrubaram a parede revelando um corpo ereto,
em avançado estado de decomposição e coberto de sangue coagulado.
A surpresa
maior se deu quando todos viram que em cima da cabeça do cadáver, com a boca
vermelha dilatada e com um único olho chamejante, estava o Gato Preto, cuja
astúcia e voz reveladora entregou para o carrasco quem o havia emparedado.
Esta é uma
história macabra onde o autor demonstra todo seu talento nesse tipo de
literatura. Ele detalha os fatos de forma a guiar o leitor pelos caminhos do
suspense, revelando um final surpreendente e inesperado.
JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - acadêmico de direito da Faculdade UNAERP Guarujá.
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