sábado, 14 de julho de 2012

Contos Gauchescos NO MANANTIAL resenha do livro

Edição especial para distribuição gratuita pela internet através da virtualbooks. Site <www.virtualbooks .com.br>
O autor João Simões Lopes Neto nasceu no dia 9 de março de 1865 em Pelotas, Rio Grande do Sul, e faleceu em 14 de junho de  1916. Os críticos de literatura o consideram o maior autor regionalista de seu Estado, onde procurou, em sua produção literária, valorizar a história do gaúcho e suas tradições. Alcançou o reconhecimento com o lançamento desta obra literária em 1949.   
            À beira do caminho, Matias, velho gaúcho, mostrava uma linda e frondosa roseira que nascera no meio de um pântano de difícil e improvável acesso. E contava como ela fora plantada por uma defunta, de forma inusitada e trágica, depois de um encadeamento de desgraças.
            Consta que aquelas terras pertenciam ao brigadeiro Machado, que concedera uma parte próxima ao manancial para o viúvo Mariano, que viera não se sabe de onde com uma carta de recomendação, não se sabe de quem. Só se sabe que devia ser de gente influente, porque o brigadeiro acolheu aquele com toda sua família e criados. O posseiro arou as terras e as tornou férteis e produtivas com fartura de plantação e criação de gado graúdo e miúdo. Nesse tempo, Maria Altina, sua filha, andava pelos dezesseis anos de idade. “Ela era o -  ai – Jesus! de todos, até dos negros”. Seu pai, sua avó e sua tia-avó a traziam nos mimos. 
           Certo dia, toda família do Mariano juntou-se em torno de uma novena sagrada, na casa do brigadeiro. Foi quando um gauchito de nome André, que era ordenança e protegido do “galão–largo”, bateu os olhos enamorados na bela menina, e foi por ela ardentemente correspondido. No término do evento, o aspirante deu um botão de rosa vermelha para a paisaninha que, de forma radiante na frente de todos, a prendeu graciosamente em seu cabelo. Um namoro entre os dois era do gosto de todos, até arranjaram pra que isso acontecesse. Era um namoro para casamento.
            Ao chegar em sua casa, a moça plantou carinhosamente o talo da rosa, que se transformou numa frondosa e bela roseira em muito pouco tempo. Todo dia ela colhia uma rosa e a usava no cabelo.
            “Mas, perto da pomba rondava o gavião”. Há quatro léguas do rancho do Mariano morava um tal de Chicão, filho mais velho do Chico Triste. Era um bruto e encrenqueiro que só olhava Maria Altina com olhos de cobiça, e que passou a cercá-la. Mas, a menina o repudiava, ela tinha um misto de medo e raiva do paisano.
            No dia da barbaridade, houve um batizado na casa do Chico Triste e a família do Mariano estava lá, exceto a Maria Altina, sua avó e uma negra. Elas ficaram em casa, mas iriam depois. De repente, o tal Chicão, que ficara furioso ao saber do namoro da menina com o furriel, irrompeu casa adentro matando uma das velhinhas com uma machadada na cabeça. A negra Nina, desesperada, correu para se esconder fora da casa. E o monstro partiu pra cima da rapariga tentando violentá-la, mas ela resistiu bravamente e fugiu a galope para dentro da mata. O criminoso montou em seu cavalo e desabalou em perseguição à menina. A inocente desesperada, na velocidade que vinha, caiu no pântano junto com seu cavalo e foram afundando rapidamente na lama. Só sobrou de fora a rosa que desprendera do cabelo da bela. O perseguidor caiu logo após na lama movediça, afundando-se até o peito junto também com seu cavalo, que sucumbiu no lodo sem ar.
             A negra Nina que correra até a casa do Chico Triste para avisar a todos, se deparou com o homem ainda semi-enterrado na lama do pântano.
 Ao ser avisado de toda tragédia, Mariano correu para lá e se jogou em cima do Chicão afundando-o na lama e afundando-se junto com ele.
A rosa que soltou do cabelo da menina e não afundou, brotou com tanta vermelhidão no meio do pântano que parecia estar sendo regada com o sangue da donzela.  A velhinha assassinada também foi sepultada ali ao lado do pântano, o que deixou tudo muito mais sombrio e sinistro.  Quatro corpos e uma linda e frondosa roseira.        
Mas, bah! Che! ... - até parece tragédia grega.



JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - acadêmico de direito da Faculdade UNAERP Guarujá.

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