“O MANDARIM” é um
conto que foi escrito por Eça de
Queirós em 1880. Esta é uma obra de domínio público que é encontrada na
Internet no Site http: // www.bibvirt.futuro.usp.br
- A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro.
O escritor português Eça de Queiroz nasceu no século XIX, e morreu no início do século XX, deixando publicadas, além desta, muitas obras famosas como: O crime do Padre Amaro, O Primo Bazilio, A Relíquia, Os Maias, e mais uma dezena de obras póstumas, dentre elas uma parte da obra A Ilustre Casa de Ramires.
O escritor português Eça de Queiroz nasceu no século XIX, e morreu no início do século XX, deixando publicadas, além desta, muitas obras famosas como: O crime do Padre Amaro, O Primo Bazilio, A Relíquia, Os Maias, e mais uma dezena de obras póstumas, dentre elas uma parte da obra A Ilustre Casa de Ramires.
Dois amigos bebiam conhaque e conversavam sobre coisas diversas, quando
um deles propôs um diálogo surpreendente e fantasioso. Teodoro era um funcionário do reino muito dedicado a seus afazeres. Ele tinha
uma vida relativamente normal, como qualquer cidadão comum. Não era muito ambicioso,
mas arriscava a sorte nas frações dos bilhetes de loteria. Seu passatempo predileto
era ler velhos livros que comprava num sebo da cidade. Certa noite, folheando um exemplar intitulado “Brecha das Almas”, se
deparou com uma inscrição onde dizia que ao se tocar uma certa campainha
colocada ao lado deste, quem o fizesse, herdaria a fortuna de um mandarim da
longínqua China. Por consequência, este morreria imediatamente onde estivesse.
Ele desdenhou. Então surgiu diante dele a figura de um homem vestido de preto,
que mais parecia o diabo, tentando persuadi-lo a tilintar. Mas ele não
acreditava em diabo, nem tampouco em Deus, ele achava que Céu e Inferno eram concepções
sociais para uso da plebe – e ele pertencia à classe média. Rezava, é verdade, à
Nossa Senhora das Dores. Após alguma hesitação, ele decidiu tocar a tal sineta
e, como nada de estranho aconteceu de imediato, foi dormir tranquilamente. Um mês depois, ele foi surpreendido por um mensageiro com um telegrama
comunicando-lhe que recebera uma herança de um certo mandarim chinês. Ele
ficara milionário. Entretanto, em posse e usufruto de sua fortuna, não se sentia feliz, pois
era perseguido por visões e fantasmas do finado mandarim. Com muito remorso, Teodoro
ficava imaginando como estaria a família do desafortunado defunto lá nos
confins de Hong Kong. Sem demora, ele partiu para a China em busca dos
deserdados, com o intuito de devolver-lhes a fortuna. Mas sua excursão foi vã,
pois ele não os encontrou, sendo inclusive saqueado e aviltado por mongóis
famintos, nas terras orientais. Desiludido, ele voltou para sua terra. Já de volta, cansado de falsas bajulações por causa de sua fortuna, ele decidiu
não mais usá-la, deixando-a inerte num banco. Mas o problema dos fantasmas e
visões não cessava. E agora, não ostentando mais a sua fortuna, as pessoas o chacoteavam
chamando-o de fracassado. Então, de repente, ele resolveu usar novamente sua fortuna
maldita. Nesta condição, a bajulação voltou como dantes por parte senhores da
sociedade. Teodoro sentiu um extremo desprezo pela humanidade. E, desde então,
passou a viver enfastiado “pensando na felicidade do não ser”. Numa certa noite, errante por uma rua deserta, deparou-se com aquela
figura de preto e implorou de joelhos para que lhe restituísse “a paz da
miséria”. A figura lhe disse que não seria possível livrá-lo desse castigo. Desiludido
e sentindo que morria aos poucos, Teodoro resolveu fazer seu testamento, legando
toda aquela nefasta fortuna ao demônio, para que repartisse entre os seus
discípulos. E, mostrando total descrença na humanidade, ele finalmente suplica
aos homens de bem para que não sejam ambiciosos e procurem obter suas fortunas
por meios próprios. E, ainda mais, diz com suas palavras: “Só sabe bem o pão
que dia a dia ganham as nossas mãos: nunca mates o Mandarim!”
Esta obra nos faz refletir sobre o desejo humano de se obter fortunas
fáceis e fúteis que certamente proporcionariam muito mais problemas do que
felicidade.
JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - acadêmico de direito da Faculdade UNAERP Guarujá.
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