quarta-feira, 11 de julho de 2012

A Igreja do Diabo - resenha

Esta  obra é de domínio público e está disponível na Internet no site:  <file:///C/site/livros grátis/contos diversos.htm> - A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro. 
O autor Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, onde faleceu em 29 de setembro de 1908. Seus livros são obras-primas que fogem a qualquer denominação de escola literária e que o tornaram o escritor maior das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de língua portuguesa. É o fundador da Cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a presidência por mais de dez anos. 
Um velho manuscrito beneditino nos conta que, um dia, o Diabo resolveu fundar uma igreja. Não que precisasse disso, pois já tinha muitos adeptos remanescentes das seitas divinas, mas o que ele queria em sua vaidade, era acabar com todas elas de um só golpe. Convencido de seu sucesso foi falar com Deus, apenas para se vangloriar de sua ideia brilhante e empreendedora. Ele tinha uma tese segundo a qual as pessoas seriam como rainhas cujo manto de veludo eram arrematados com franjas de algodão, e assim, ao se puxar um fio do algodão, este se desenrolaria até chegar ao veludo. As virtudes dos homens seriam como o tecido fino e, suas faltas como as franjas de algodão que, ao se puxar o fio de uma, certamente se chegaria à outra. 
Depois do seu regozijo diante do Divino, o Demo foi colocar em prática a sua obra-prima. Era uma doutrina onde se negava tudo que era virtuoso, e se enaltecia os pecados já largamente praticados por seus velhos e novos discípulos. A luxúria e outros prazeres mundanos eram amplamente incentivados dentre os seus seguidores alienados. Todavia, algo começara a dar errado. Por essa o Pastor do Mal não esperava. O instinto humano de se insubordinar contra regras impostas estava surgindo no âmago de muitos fiéis. Às escondidas, avaros davam esmolas, criminosos salvavam vidas, mentirosos convictos diziam a verdade, além de outras benevolências repugnantes. Contrariado, o Coisa-Ruim foi se queixar com o Todo-Poderoso, expondo-lhe a sua aflição. Deus, do alto de sua sapiência, não tripudiou diante da decepção satânica como este o faria, mas limitou-se a lhe dizer: -- “Que queres tu meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de veludo, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana”. 
A obra do Grande Mestre nos retrata o quanto contraditória é a natureza humana. Não há Diabo que supere a astúcia, a perspicácia, e o instinto libertário que permeia o ser humano. É natural e salutar que o homem seja um eterno insubordinado. 

JOSENILTON DE SOUSA E SILVA - acadêmico de direito da Faculdade UNAERP Guarujá.


2 comentários:

  1. À algum tempo atrás, comecei a ler esta obra no sindicato dos gráficos, e não consegui terminar a leitura do livro.Pelo que eu li, é muito bom.

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